Jogador de futebol abusava e extorquia mulheres na Bahia

O jogador de futebol Carlos Eduardo Bastos dos Santos, conhecido como "Tico Baiano", de 25 anos, foi preso em Feira de Santana, acusado de cometer crimes como estupro, extorsão, assaltos e constrangimento ilegal. Durante a coletiva realizada nesta quarta-feira (19), autoridades policiais detalharam como o acusado se aproveitava de mulheres em situações de vulnerabilidade para cometer seus delitos.
As investigações, conduzidas pela Polícia Civil da Bahia, indicam que o jogador confessou que 16 vítimas sofreram nas mãos dele, sendo a maioria mulheres em situação de vulnerabilidade.
Durante a coletiva, a diretora do Departamento de Polícia do Interior (Depin), Rogéria Araújo, e o coordenador da 1ª Coorpin de Feira de Santana, Ives Correia, detalharam o caso, destacando a grave situação das vítimas e os métodos usados pelo agressor.
A informação de que o jogador utilizava o PIX para extorquir as vítimas foi um dos pontos mais fortes abordados pela delegada Rogéria. Ela explicou que ele exigia transferências para contas de terceiros, que repassavam os valores para ele, um esquema que permitia que o jogador mantivesse suas atividades criminosas sem levantar suspeitas imediatas.
A prisão ocorreu após meses de investigação, com base em relatos de vítimas que, por medo e vergonha, não denunciaram os crimes até recentemente. "Esse caso já vem ocorrendo desde 2022, mas as ocorrências começaram a ser registradas em 2024. As vítimas que foram ouvidas nos relataram outras vítimas que ainda não haviam feito as denúncias", afirmou a delegada Rogéria. Ela também destacou que a violência contra mulheres, em especial, muitas vezes permanece oculta devido ao temor das vítimas em expor os agressores.
O coordenador Ives Correia reforçou que as investigações revelaram que o agressor visava, principalmente, mulheres em situação de vulnerabilidade, como garotas de programa e estudantes. Ele detalhou que o jogador utilizava armas de fogo e faca para intimidar e cometer os crimes, frequentemente se aproveitando de locais sem câmeras de segurança para evitar ser identificado.
Além disso, a Polícia Civil acredita que ainda há outras vítimas que não foram identificadas, reforçando a importância da divulgação do caso pela imprensa. "Esse é um trabalho relevante porque, com a divulgação, mais vítimas podem ter coragem de se apresentar e nos procurar", completou Ives.
"Ao longo da investigação, observamos que ele chegou a atacar até três vítimas ao mesmo tempo em algumas ocasiões", disse Ives, destacando a crueldade dos delitos.
Em relação à pena, o delegado explicou que as acusações envolvem crimes como estupro, extorsão, importunação sexual e constrangimento ilegal, e que o acusado enfrentará uma "dosimetria de pena" por cada ato cometido. A prisão de "Tico Baiano" também levantou suspeitas de que mais indivíduos possam estar envolvidos nos crimes, com outros homens de Feira de Santana já sendo investigados por seu papel no esquema de extorsão via PIX.
A delegada Rogéria, por sua vez, reafirmou a importância de garantir que as vítimas se sintam seguras para denunciar, destacando que "nós mulheres temos o direito de dizer não, de sair para jantar e voltar para casa sozinhas, sem ser forçadas a aceitar a violência e a imposição de quem quer violar nossa intimidade."
A operação continua, com a Polícia Civil buscando identificar o maior número possível de vítimas, e o caso segue sendo acompanhado pela justiça.