POBRE MAIS POBRE E RICO MAIS RICO: aumento da desigualdade social no Governo Lula 3
Nos próximos anos, o Brasil não testemunhará uma migração significativa de membros das classes D e E para a classe C, como ocorreu durante os dois primeiros mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre 2003 e 2010. A ascensão da classe média foi um dos principais legados do presidente.
De acordo com projeções da consultoria Tendências, a classe A e, em menor medida, a classe B serão as grandes vencedoras, impulsionadas por uma conjuntura de altas taxas de juros, baixo dinamismo econômico e limitações no orçamento público para expandir as transferências de renda aos mais necessitados. Portanto, o rico vai ficar mais rico e o pobre mais pobre.
A massa de renda, composta pela soma dos rendimentos habituais de todos os trabalhos, transferências do Bolsa Família, benefícios sociais, aposentadorias e outras fontes de renda, será impulsionada principalmente pelos ganhos de capital dos mais abastados, como empresários e investidores. Espera-se que a classe A experimente o maior aumento na massa de renda real (acima da inflação) no período de 2024 a 2028, atingindo 3,9% ao ano, conforme já ocorreu em 2023. Em contraste, a classe D/E terá um crescimento significativamente menor, em média 1,5%.
Outro problema é que a expectativa de queda na taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 10,75% ao ano, pode ser frustrada devido à perspectiva de manutenção de altas taxas de juros nos Estados Unidos, o que pressionaria os países emergentes, como o Brasil, a manterem taxas elevadas para atrair investidores.
Com apenas 4% dos domicílios, mas abocanhando 37,2% da renda nacional, a classe A é uma minoria significativa, enquanto a classe D/E, que representa quase metade das famílias (49,4%), detém apenas 22,1% da renda.
Lucas Assis, analista de macroeconomia da Tendências, aponta em conversa com a Folha de São Paulo que os fatores que impulsionaram a migração da classe D/E para a C nos anos 2000, como a formalização do emprego e o aumento da renda do trabalho, não estão presentes atualmente. A falta de espaço fiscal no governo limita a capacidade de ajustes no Bolsa Família e no salário mínimo, afetando diretamente as classes mais baixas.
Também em entrevista ao veículo nacional, Maurício de Almeida Prado, diretor-executivo da consultoria Plano CDE, destaca que, apesar da expansão do Bolsa Família, a ascensão econômica estagnou para muitos, especialmente entre os jovens, que enfrentam um sentimento de estagnação.
Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, aponta a dependência excessiva do Estado como um problema, argumentando que a estabilidade econômica é fundamental para impulsionar o setor privado e, consequentemente, melhorar a distribuição de renda. Áreas produtivas como o agronegócio podem desempenhar um papel crucial nesse processo, espalhando seus ganhos para além das fronteiras econômicas tradicionais.